CAPÍTULO 07: PATRULHA

UMA HISTÓRIA DE: João Paulo Ritter

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Estava começando a se acostumar com a calmaria que fazia no céu, principalmente durante a noite. Com uma vista privilegiada daquele bairro nobre, o super-herói conseguia ver, sem precisar contar, que a iluminação publica se fazia mais numerosa ali do que no bairro em que vivia com sua mãe. Por que não haveria mais luz ali, não é verdade? Afinal tem casarões e mansões, clubes para tomar um banho de piscina ou de sol. A proteção policial também era maior ali.

Não se tornou um super-herói para proteger ainda mais quem já tinha proteção, queria ajudar os que precisavam, entretanto havia um louco incendiando casas e veículos, se não acabasse com aquilo pela a raiz em pouco tempo, talvez, esse mesmo vilão estaria atacando os que não teriam como se defender.

Ficou sobrevoando o local, em alguns momentos ficou sentado em lugares altos esperando algo acontecer. Depois de duas horas procurando e esperando, Anjo Noturno ficou sentado na borda do prédio do vestiário de um clube que havia naquele bairro, observando a piscina que ficava ali perto, a luz no fundo refletia os cristais de água em seu rosto.

Brilha la luna, oooh, mira que bela… — suspirou depois de cantarolar, entediado e ansiando por algum tipo de ação inesperada.

Dentro da bota lilás direita, o aparelho celular de Miguel começou a vibrar. Depois de retirar sua bota, pegou o smartphone e antes de atender a ligação viu o nome da tela, era o seu amigo Leandro, então atendeu a ligação.

— Leandro, por favor, me diga que aconteceu alguma coisa porque aqui está um tédio.

— O nosso cara, o Combustor, ele está em um bairro perto daí tocando fogo em tudo. — disse o jovem japonês do outro lado da linha.

— Espera… O quê? Como descobriu isso? — perguntou o super-herói enquanto ficava em pé. Surpreso com aquela informação.

— É uma longa história, voe o mais alto que puder, com certeza vai ver a fumaça. Siga ela, então vai achar o nosso vilão.

— Tudo bem, obrigado Leandro.

Miguel encerrou a ligação e em seguida bateu suas asas, levantando voo e subindo o mais rápido que podia. Não demorou até enxergar a fumaça que vinha de alguns quilômetros a frente, literalmente as coisas estavam pegando fogo naquele lugar. A fumaça parecia estar saindo de um local especifico e quando mais se aproximava mais dava para notar de que se tratava de uma casa inteira em chamas.

Uma mulher estavam em frente a casa, abraçado em um trio de adolescentes, os quatro em prantos. Todos os vizinhos de rua, e outros das demais ruas, estavam assistindo aquele drama. Provavelmente alguém tinha morrido durante o incêndio, ou seja, Combustor deveria ter alcançado seu objetivo ali com sucesso.

O som das sirenes do caminhão dos bombeiros aumentava de forma gradual, conforme se aproximavam da casa.

Quando batalhava com O Messias, podia sentir a energia de o cristal roxo emanar pelo seu corpo, então isso queria dizer que se esse novo super-vilão fosse fruto do mesmo objeto, conseguiria sentir a sua energia. Só precisava se concentrar e buscar uma maneira de fazer. Tinha conseguido aprimorar seu controle da energia com o tempo, esse era somente mais um obstáculo.

Com seus olhos fechados, sentiu uma energia em uma movimentação rápida perto dali, parecia ser diferente da que ele sentiu quando enfrentou O Messias, mas mesmo assim dava sinais de ser o homem que incendiou a casa. Suas asas negras abriram e com urgência subiu ao céu, seguindo aqueles instintos novos que ganhou depois da chuva de meteoros. Não demorou muito para que encontrasse o vilão correndo pela rua, indo em direção a um carro que estava escondido atrás de uma placa. Se tratava de um homem comum, provavelmente na casa dos 40 anos e usando um sobretudo.

— Peguei você. — sussurrou o super-herói. Disparou, três vezes, esferas de energia na direção do criminoso, acertou suas costas e deixou um buraco no sobretudo, além de fazer com que o homem caísse de bruços no chão.

Pousou ao lado do vilão, com passos curtos ficou de frente para o homem que, com dificuldade, tentou levantar e no fim ficou de joelhos por causa da dor que sentia nos músculos de suas costas.

— Pensava que você era só um mito da internet.

— Para o teu azar eu não sou.

Agarrou o homem pela a gola do seu casaco sobretudo e o carregou para o alto, somente o soltou quando pousaram sobre o teto do edifício mais alto encontrado pelo super-herói. Quando soltou sua gola, fez com toda a força que conseguia fazer, o jogando contra o concreto.

— Agora vamos conversar um pouco. — começou a dizer o anjo de asas negras, criando uma luz roxa em sua mão direita para ameaça-lo com seus superpoderes. Era evidente sua falta de conhecimento sobre aquele assunto, estava tentando passar uma posição de poder sobre aquele vilão, entretanto sua juventude e a sua estatura ficavam em mais evidência do que qualquer outra coisa. — Por que estava ateando fogo naquelas casas? — se aproximou um pouco mais, pondo seu punho mais perto.

— Acha que me assusta? Hein guri? — Combustor levantou do chão, ondas de chamas começaram a rodear seu corpo como se fossem explosões solares. Anjo Noturno deu dois passos para trás, um pouco assustado. — Tu não passa de um piá que ainda nem deixou as fraldas, fede a leite e quer fazer justiça? Não sabe do que justiça se trata, seu fedelho!

As chamas começaram a caminhar pelo seu corpo com mais rapidez, seus cabelos e olhos pegaram fogo, esferas de calor tomaram conta dos seus punhos.

— O que… — sussurrou Miguel tentando escapar do calor que começou a preencher o espaço entre eles, começava a suar e estava difícil aguentar aquele traje em seu corpo.

— Quer saber o motivo de eu tacar fogo naquelas casas? Eu vou te contar, o meu motivo é o mais simples de todos e o mais compreensível… Vingança! Minha esposa morreu na fila de espera do hospital, primeiro eu achava que os médicos daquele lugar estavam muito ocupados cuidando de outras vidas, salvando outros seres humanos, mas sabem o que estavam fazendo? — o fogo do seu corpo aumentou com uma explosão. — Eles estavam matando o dia de serviço para se embebedarem porque se acham bons de mais para trabalharem em um hospital público, é por isso que eu queimei as casas deles e seus veículos! — levitou, encarando o Anjo Noturno de cima e em seguida preparou suas mãos e criou uma intensa e exagerada onda de calor. — Acho que primeiro eu vou ter me livrar de você.

Combustor tomou uma distância segura para si mesmo, disparou a onda de calor na direção do super-herói, logo se transformou em chamas. Antes de o fogo chegar a seu corpo, o anjo posicionou suas duas mãos em um X e como se fossem poeiras, a energia se juntou rapidamente no centro daquele X criando a partir dali um escudo que bateu de frente com a língua de fogo.

Com a ajuda do seu escuto e com movimentos calmos, o herói conseguiu atravessar o ataque de Combustor e lhe acertar um soco na face, fazendo com que o vilão caísse novamente no teto do prédio. Assim que desceu para atacar o seu inimigo, Anjo Noturno foi surpreendido por mais um golpe baseado em calor, seu corpo foi cercado por um intenso ar quente que além de sufoca-lo fez com que perdesse a altitude e também caísse.

— Acha que pode me vencer? Não passa de uma criança querendo brincar com coisa séria, garoto. — em seguida, com toda a sua força, Combustor acertou um chute na boca do estomago de Miguel. O adolescente cuspiu um pouco de sangue. — Fique fora do meu caminha porque se a gente se cruzar quando eu atacar a última casa vai ser também a sua última luta.

O homem ficou de costas e caminho até o meio-fio do teto, todo seu corpo se transformou em fogo e em seguida para o ar e despencou e alguns segundos depois ele reapareceu levantando voo para o mais longe dali. Com certeza tinha um perfeito controle sobre seus superpoderes. Miguel ficou jogado no chão por tempo suficiente para recuperar suas forças e também ir embora. Esse final para a sua patrulha não era o que esperava, tinha em mente uma brilhante vitória com o seu segundo super-vilão, entretanto foi derrotado quase sem nenhum esforço da parte do outro. Enquanto voava para a segurança e conforto de sua cama, o jovem super-herói ignorava os pedidos de atualizações da situação feitos por Leandro e Daniela.

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