CAPÍTULO 01

WEBNOVELA DE:
Daniel Gaviria

TRADUÇÃO DE:
João Paulo Ritter

CLASSIFICAÇÃO: +14


01   EXT. AEROPORTO DE MIAMI – PISTA DE ATERRIZAGEM – DIA

O avião vindo diretamente da Austrália está pousando na pista do aeroporto internacional de Miami. Do outro lado, perto dos portões de embarque, vamos Daniela ansiosa e sorridente ao esperar por alguém.

A poucos metros de distância, vemos os amigos Julián Lopes e Valéria Garcia.

JULIÁN: Odeio aeroportos, não sei porque vim.

VALÉRIA: Ah, Julián, não seja chato! Estou esperando minha amiga há meses. Quando você a conhecer, também vai gostar dela.

02   INT. DENTRO DO AVIÃO – DIA

Dentro do avião se encontra Andrés Castilho de León, quando levanta do acento em que estava sentado, retira os fones de ouvido que usava e pega sua mala marrom de dentro do porta-malas.

Ao lado dessa mala estava uma idêntica, sem saber Andrés acabou pegando a que não era a sua.

Outra passageira do avião, Verônica Beltrão, estava sentada dois lugares atrás de Andrés quando acordou assustada e percebeu que já se encontrava em Miami.

Quinze minutos depois, Verônica e Andrés, com as malas trocadas, deixam o portão de desembarque e olham ao seu redor, procurando por conhecidos.

03   EXT. AEROPORTO DE MIAMI – PISTA DE ATERRIZAGEM – DIA

Daniela avista sua irmã, Verônica e rapidamente muda sua postura.

DANIELA: Que droga! Por que ela viajou tão rápido? Não quero que me veja aqui…

Andrés olha ao seu redor, procurando por alguém. Daniela o observa com atenção.

Valéria, quando vê Verônica, acena para chamar a atenção da amiga.

VALÉRIA: Aqui, Verônica! Aqui!

Quando Verônica vê sua amiga de longa data, corre em sua direção.

Andrés permanece no mesmo lugar.

Com Verônica distraída, Daniela percebe a oportunidade e sorrateiramente se aproxima de Andrés.

DANIELA: Vem, Andrés! Vamos rápido!

Ela está de frente para o rapaz, mesmo achando tudo aquilo estranho, Andrés, com mala e tudo, segue Daniela.

ANDRÉS: Espera! Espera, por que tanta pressa?

Daniela fica um pouco afastada.

DANIELA: É que tinha muita gente lá e eu estava me sentindo sufocada… Como você está?

Os dois se cumprimentam com beijos na bochecha.

DANIELA: Você chegou cedo.

ANDRÉS: Eu sei. Trouxe meu carro?

DANIELA: Sim, sua mãe me entregou escondida as chaves… Não sei o motivo de ela não ter mandado um empregado fazer isso.

ANDRÉS: Eu não quero que minha avó fique sabendo que eu voltei. Não quero voltar para aquela casa tão cedo, vou me divertir a semana toda! Você vem comigo!

Daniela e Andrés deixam o aeroporto.

Alguns metros dali, vamos novamente para Verônica e Valéria.

VERÔNICA: Senti tanta sua falta, amiga.

Valéria sorri para ela.

VALÉRIA: Eu também… Ah, esse é Julián, um amigo.

Julián sorri.

JULIÁN: Olá, prazer em conhecê-la.

VERÔNICA: Oi, prazer.

VALÉRIA: Bom, vamos? Julián, pega a mala.

Julián acena com a cabeça, então, pega a mala e logo os três vão embora dali.

04   INT. CONSTRUTORA BELTRÁN – ESCRITÓRIO DE GABRIEL – DIA

Em um prédio de seis andares se encontra a Construtora Beltrán, empresa fundada por Gabriel com muito esforço com a companhia de outros associados. Ele é o pai de Verônica, atualmente casado com Paula Escalante.

Ele conversa com um homem de 60 anos.

GABRIEL: Não vou permitir isso! Foram duros anos de esforços e não vou permitir que jogue tudo pela janela, Senhor Contreras.

SR. CONTRERAS: Sentimos muito Gabriel, mas chegamos a conclusão de que sua empresa não vai mais se recuperar. Não vamos mais investir nela.

GABRIEL (ANGUSTIADO): Por favor, me dê apenas mais uma oportunidade! Uma só!

SR. CONTRERAS: Quantas mais, Gabriel? São anos investindo e não tivemos bons resultados, ao contrário, estamos caindo de volta! Não vou continuar tentando, sinto muito.

O Sr. Contreras deixa o escritório, deixado Gabriel completamente preocupado. Nesse momento telefone de Gabriel começa a chamar.

Gabriel atende.

GABRIEL: Alô?

05   EXT. ESTRADA – CARRO – DIA

Julián dirige o carro.

Verônica e Valéria no banco traseiro.

VERÔNICA: Pai? O que aconteceu? Por que dessa voz? Estava discutindo com alguém?

GABRIEL (VOZ): Filha, como você está? Estava com saudades de você…

VERÔNICA: Mas a gente se falou ontem.

GABRIEL (VOZ): Certo, me desculpe. Eu ando um pouco distraído e não, não estava discutindo com ninguém… Apenas estou rouco. Já chegou?

VERÔNICA: Estou a caminho, pai. Não consigo acreditar que depois de dez meses, vou rever você e a minha família.

GABRIEL (VOZ): Volte logo, filha. Vamos fazer um almoço especial.

VERÔNICA: Não precisa se incomodar, papai.

Verônica encerra a chamada, guarda o celular.

Olha através da janela, observando a paisagem que vai passando e emocionada ao voltar para sua cidade natal, rever sua família.

06   INT. RESTAURANTE BON APETIT – DIA

A câmera mostra a fachada do luxuoso restaurante.

O local está muito bem preservado, possuí três andares e é o principal restaurante de uma cadeia liderada por Victória Castilho, proprietária de seis filiais na cidade.

Atrás desse restaurante se encontra uma das pequenas fábricas que produz os alimentos. Nesse lugar, os funcionários são responsáveis pela seleção, limpeza e preparação das carnes, para tudo isso existe máquinas especiais.

Os funcionários vestem roupas brancas com redes na cabeça e chapéus para evitar a queda de cabelos, senhora Victória está no local vestindo as mesmas vestimentas.

Senhora Victória vai andando pela sua fábrica.

VICTÓRIA: Hmmm… Isso parece muito delicioso.

Uma jovem empregada se aproxima.

EMPREGADA 01: Muito bom ver a senhora! Bom dia, dona Victória.

VICTÓRIA: Obrigada, mas e você? Conseguiu se recuperar da catapora?

EMPREGADA 01: Graças as férias que a senhora me deu, consegui me recuperar completamente! Muito obrigada.

Quando a jovem empregada se afasta, outro empregado se aproxima, um homem na casa dos 30 anos, baixinho e gordinho.

EMPREGADO 01: Senhora Victória, tenho um encontra às cegas hoje.

VICTÓRIA: Encontro às cegas? Ah, está jogando seu dinheiro fora. (dá um tapa na barriga do homem) Primeiro você tem que perder essa barriga… Com ela grande assim, quem vai querer te beijar?

Todos os empregados riem ao mesmo tempo.

Dona Victória é gentil com seus funcionários e trata todos com os mesmos direitos.

07   INT. MANSÃO BELTRÃO – SALA DE ESTAR – DIA

MAIS TARDE.

A câmera mostra a fachada da Mansão Beltrão Escalante, casa de Gabriel e Paula, então, também a de Verônica, Daniela e Mateo (o irmão autista de Verônica).

Na sala de estar se encontram Paula e Gabriel.

Quando a porta principal abre, Verônica deixa sua mala e corre na direção do pai.

VERÔNICA (EMOCIONADA): Finalmente nos reencontramos, papai!

GABRIEL: Minha filha… Senti tanta saudades!

Filha e pai se abraçam, Paula assiste a cena com indiferença, achando tudo aquilo puro tédio.

Verônica se afasta, observa o pai.

VERÔNICA: Por que o senhor está tão magro?

GABRIEL (SORRINDO): Estou fazendo dieta, filha. Não se preocupe.

Verônica se vira, olha para Paula e sorri.

VERÔNICA: Eu voltei, mamãe!

Paula sorri falsamente, se prepara para atuar.

PAULA: Que bom que voltou, querida. Essa casa estava vazia sem sua presença.

Nesse instante Daniela entra em cena, se aproxima da reunião de família.

DANIELA (SORRINDO): Faz muito tempo, Verônica. Que bom que voltou.

VERÔNICA: Estou tão feliz em ver todos novamente… (olha para Daniela) E você, fiquei sabendo que tá fazendo uma pós. Aposto que é a melhor aluna da pós-graduação.

DANIELA: Ah, Vero, mas você me venceu, não tem competição com ir estudar na Austrália.

PAULA: Bom, vamos todos sentar a mesa para almoçar? Está quase pronto…

VERÔNICA: E a Rosinha? E meu irmão?

GABRIEL: Bem, tivemos que atrasar o salário da empregada e ela decidiu ir embora… Seu irmão está na aula de piano.

Gabriel e Verônica seguem conversando até a sala de jantar.

Paula leva Daniela para a cozinha.

PAULA: Por que chegou tão cedo? Deixou o Andrés sozinho?

DANIELA: Ele disse que ia sair com uns amigos, não tô no clima para diversão.

PAULA: Amigos? Por acaso você quer que ele encontre uma qualquer? Deveria ter segurado ele, ter convidado para vir almoçar com sua família! Precisamos conquistar a confiança da Victória. Aquela velha é milionária! É o nosso futuro.

DANIELA: O Andrés é decepcionante, mamãe. Somos amigos há tantos anos, ele não vai me ver mais do que isso, uma amiga…

PAULA: Eu não vou deixar que ele te abandone, entendeu? Você não pode fracassar como mulher, Daniela!

Paula, depois de fulminar sua filha com seu olhar, caminha ao almoço que ela mesma teve que preparar.

PAULA: Vamos, me ajude com isso… Não sei como estou sobrevivendo desde que a empregada pediu demissão.

DANIELA: Quem prepara a comida todos os dias sou eu, mamãe. Não deveria se queixar…

Paula lança seu olhar de fúria para a filha.

DANIELA: Vou levar para a cozinha.

Daniela se dirige para a sala de jantar com parte da comida.

08   INT. MANSÃO CASTILHO DE LEÓN – COZINHA – DIA

Inicia mostrando, lentamente a fachada da mansão. Logo corta para o interior, a câmera vai passeando até chegar a cozinha, onde vemos:

O mordomo Manuel ajudando a empregada no preparo do almoço. Margaret está em cena.

MARGARET: Falei com o Andrés, ele não vem para almoçar. Quem ficará triste com isso é a dona Victória, mas fazer o quê? Meu filho tem o direito de se divertir com seus amigos.

MANUEL: Tem razão, senhora Margaret, mas acredito que ele deveria vir para casa de vez em quando. Ver todos, ver a avó e ir embora quando quisesse.

MARGARET: Sabe que meu filho é rebelde.

Margaret deixa a cozinha e vai em direção a sala de estar.

Victória entra em cena e caminha até o sofá da casa, a idosa se encontra agitada.

MARGARET: Parece cansada, vou pedir para que o Manuel prepare um chá para a senhora.

Nicole, outra filha de Margaret e irmã mais nova de Andrés entra em cena descendo a escadaria.

NICOLE: Vovozinha!

VICTÓRIA: Bom dia, minha querida. Vim cedo da empresa para poder receber o meu neto, mas ele não atende minhas chamadas. Poderia ligar para ele? Quem sabe ele atenda… Será que ele mudou de planos, já era para ter chegado.

Nicole pega seu celular e começa a digitar.

NICOLE: Já estou ligando, vovó.

MARGARET: Ele disse que não vem hoje, sogra…

Victória lança um olhar fulminante para Margaret.

MARGARET: Ele disse que não queria se estressar tão rápido com essa casa, tentei convencer do contrário, mas…

NICOLE: Ele desligou o telefone.

VICTÓRIA: Ele tá achando que essa casa é um hotel? Que ele aparece quando bem entender? Não é conveniente que ele vire as costas para mim.

Em Victória.

09   INT. MANSÃO BELTRÃO – SALA DE JANTAR – DIA

A família se encontra a mesa do jantar. Enquanto Verônica desfruta da comida, conta para todos como foram seus dias na Austrália.

VERÔNICA: Nenhuma comida é tão boa quanto a caseira, estava muito bom, mãe.

Paula finge um sorriso.

PAULA: É seu prato favorito, do seu pai também. Aproveite. (SORRI) Mateo deve chegar daqui a pouco, a gente tem que ficar atentos.

VERÔNICA: Falando nele, como vai as aulas de piano?

GABRIEL: Vão bem, ele é um rapaz muito inteligente. A cada dia fica melhor no piano, ele ama a arte.

VERÔNICA: Que bom, sabem… Eu estive investigando na minha cidade e… Ele poderia ir morar comigo, estudar lá. Ele já tem idade…

PAULA: Verônica, sobre isso…

GABRIEL (FALA POR CIMA): Disso, falamos depois. Faz tempo que não almoçamos em família. (SORRI HUMILDE) Quero a companhia de todos vocês.

10   INT. MANSÃO BELTRÃO – QUARTO DO CASAL – DIA

Paula e Gabriel entram no quarto.

PAULA: Por que não contou para ela que não vai mais poder estudar na Austrália?

GABRIEL: Ela acabou de voltar, Paula. Se a gente contar, vai ficar triste.

PAULA: Ela tem que entender que você tem problemas financeiros na empresa! Não podemos tapar o sol pela peneira. Você não tem dinheiro para pagar os estudos dela, não até você se recuperar. Então, eu vou ter que contar para ela?

GABRIEL: Não temos uma poupança?

Paula responde balançando a cabeça negativamente.

GABRIEL: E você, meu amor? Alguma maneira ou alguém que possa nos ajudar?

PAULA: É tão difícil assim a Verônica abandonar os estudos por um tempo? Gastamos muito com ela e com Mateo… As aulas de música, as terapias.

GABRIEL: Não é culpa deles!

PAULA: A culpa é de quem, então?

Gabriel fica em silêncio.

PAULA: Qual é o tamanho do problema da empresa?

Preocupado, Gabriel senta na cama. Paula senta ao seu lado.

PAULA: Por que ficou em silêncio, Gabriel? Por que perguntou se eu tenho poupança? No que está pensando? Há algumas semanas você me disse que tudo ficaria bem, mas não temos mais governanta porque estamos com pouco dinheiro. Você prometeu que íamos nos salvar dessa crise.

GABRIEL: O banco e os acionistas virou as costas para mim. Estamos com problemas financeiros e…

PAULA: Não me diga que estamos falindo, Gabriel!

GABRIEL: Não, ainda não. Mais tarde vou conversar com outro acionista. É a última esperança, eu o salvei de duas crises e sei que ele não viraria as costas para mim.

PAULA (INCOMODADA): Você tem que evitar a falência ao máximo, Gabriel. (OLHA FIXAMENTE PARA ELE) Não importa se você terá que implorar, ameaça tentar se enforcar na frente dele, mas não podemos ir a valência.

GABRIEL (ASSUSTADO): Paula…

PAULA: O que vai ser da sua família se você ir a falência? Principalmente aquele buraco negro de gastar dinheiro do Mateo, a culpa de todas as despesas é a maldita condição dele! O que vai fazer com ele?

Gabriel levanta gritando.

PAULA (GRITA POR CIMA): Resolva isso, Gabriel! Eu não ficarei na rua por sua causa!

Paula deixa o quarto.

Em Gabriel, desesperado.

11  INT. MANSÃO BELTRÃO – QUARTO VERÔNICA – DIA

Verônica está deitada em sua cama, olhando para o teto, pensativa.

Levanta, caminha até a mala marrom e quando toca no cadeado, percebe algo estranho.

VERÔNICA: Essa mala não é a minha…

FADE OUT.

FIM DO CAPÍTULO.

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