CAPÍTULO 02

WEBNOVELA DE: Daniel Gaviria

TRADUÇÃO DE: João Paulo Ritter

CLASSIFICAÇÃO: +14


01  INT. MANSÃO BELTRÃO – QUARTO DO CASAL – DIA

Paula e Gabriel entram no quarto.

PAULA: Por que não contou para ela que não vai mais poder estudar na Austrália?

GABRIEL: Ela acabou de voltar, Paula. Se a gente contar, vai ficar triste.

PAULA: Ela tem que entender que você tem problemas financeiros na empresa! Não podemos tapar o sol pela peneira. Você não tem dinheiro para pagar os estudos dela, não até você se recuperar. Então, eu vou ter que contar para ela?

GABRIEL: Não temos uma poupança?

Paula responde balançando a cabeça negativamente.

GABRIEL: E você, meu amor? Alguma maneira ou alguém que possa nos ajudar?

PAULA: É tão difícil assim a Verônica abandonar os estudos por um tempo? Gastamos muito com ela e com Mateo… As aulas de música, as terapias.

GABRIEL: Não é culpa deles!

PAULA: A culpa é de quem, então?

Gabriel fica em silêncio.

PAULA: Qual é o tamanho do problema da empresa?

Preocupado, Gabriel senta na cama. Paula senta ao seu lado.

PAULA: Por que ficou em silêncio, Gabriel? Por que perguntou se eu tenho poupança? No que está pensando? Há algumas semanas você me disse que tudo ficaria bem, mas não temos mais governanta porque estamos com pouco dinheiro. Você prometeu que íamos nos salvar dessa crise.

GABRIEL: O banco e os acionistas virou as costas para mim. Estamos com problemas financeiros e…

PAULA: Não me diga que estamos falindo, Gabriel!

GABRIEL: Não, ainda não. Mais tarde vou conversar com outro acionista. É a última esperança, eu o salvei de duas crises e sei que ele não viraria as costas para mim.

PAULA (INCOMODADA): Você tem que evitar a falência ao máximo, Gabriel. (OLHA FIXAMENTE PARA ELE) Não importa se você terá que implorar, ameaça tentar se enforcar na frente dele, mas não podemos ir a valência.

GABRIEL (ASSUSTADO): Paula…

PAULA: O que vai ser da sua família se você ir a falência? Principalmente aquele buraco negro de gastar dinheiro do Mateo, a culpa de todas as despesas é a maldita condição dele! O que vai fazer com ele?

Gabriel levanta gritando.

PAULA (GRITA POR CIMA): Resolva isso, Gabriel! Eu não ficarei na rua por sua causa!

Paula deixa o quarto.

Em Gabriel, desesperado.

02  INT. MANSÃO BELTRÃO – QUARTO VERÔNICA – DIA

Verônica está deitada em sua cama, olhando para o teto, pensativa.

Levanta, caminha até a mala marrom e quando toca no cadeado, percebe algo estranho.

VERÔNICA: Essa mala não é a minha…

ABERTURA

03  INT. MANSÃO BELTRÃO – QUARTO VERÔNICA – DIA

Verônica está olhando o cartão de dados do dono da mala que pegou por engano.

VERÔNICA: Andrés de Castilho León? Quem é esse cara? (SUSPIRA) Peguei a mala errada…

Verônica liga para o número que está no cartão de dados, mas ninguém atende.

Suspira, joga o celular em cima da cama. Caminha para a janela do seu quarto.

Tenta se manter animada ao observar a paisagem, quando olha para baixo, percebe seu pai deixando a casa. Sorri.

04  EXT. MANSÃO BELTRÃO – PÁTIO – DIA

Verônica corre para alcançar seu pai.

VERÔNICA: Pai! Vai sair sem se despedir?

GABRIEL: Eu não vou demorar, minha filha.

VERÔNICA: Mesmo assim, vou sentir sua falta. Não demora para voltar, eu quero que o senhor durma cedo hoje porque amanhã vou fazer uma festa. É seu aniversário.

Gabriel ri.

GABRIEL: Juro que eu tinha esquecido. Bom, vou tentar chegar cedo. Não se preocupe.

Gabriel se vira para se retirar. Seu celular começa a tocar. Atende.

É Verônica.

VERÔNICA: Te amo, pai.

Gabriel se vira e sorri para a filha.

05  INT. CONSTRUTORA BELTRÃO – ESCRITÓRIO – DIA

Gabriel conversa com o senhor Gonzalo que é sua última esperança.

GABRIEL: Você sabe que eu te ajudei a sair de uma falência, não lembro disso?

GONZALO: Eu entendo, Gabriel e por isso estou pensando, mas os outros sócios estão desencorajados. A empresa não progride, mas o dinheiro não depende só de mim. Preciso ver isso com calma.

GABRIEL: Você tem que me ajudar, por favor! Não posso deixar minha família na rua, a única maneira de ajudá-los é ter bastante dinheiro para viverem bem por algum tempo enquanto busco uma solução…

Gabriel tem uma iluminação.

GABRIEL: Posso ter esse dinheiro com meu seguro de vida.

Gonzalo arqueia sua sobrancelha.

GONZALO: Mas você não está morto.

Gabriel respira fundo.

GABRIEL: Ainda não estou, mas se a única maneira de salvar minha família é usar esse dinheiro… Vou ter que fazer isso, vou ter que usar meu seguro de vida de alguma forma.

GONZALO: Não me diga uma coisa dessas, homem! Para tudo tem uma solução.

GABRIEL: E essa é a minha.

Em Gabriel.

06  INT. MANSÃO BELTRÃO – QUARTO PRINCIPAL – DIA

Paula está revisando alguns documentos. Vários papéis estão jogados pela cama, todos documentos bancários em nome de Gabriel.

PAULA: Consegui economizar só cinco mil dólares? Tudo bem, pelo menos, com isso minha filha e eu vamos poder sobreviver por algum tempo.

Em Paula.

07  EXT. MANSÃO BELTRÃO – JARDIM – DIA

Verônica está escutando música em seu celular, espera ansiosa pelo seu irmão mais novo, Mateo.

Ao ver o irmão de longe, Verônica sorri e acena para o mesmo. Mateo (15) a vê e sorri.

O jovem autista caminha lentamente, mexendo sua cabeça e coçando ela a cada segundo.

Verônica estica suas mãos para Mateo.

VERÔNICA: Irmão! Estava com saudades, nossa ficou maior…

Mateo estica suas mãos também, os dois tocam seus dedinhos.

MATEO: Irmã…

VERÔNICA: Como está se comportando o melhor pianista do mundo?

08  EXT. MANSÃO BELTRÃO – JARDIM – DIA

Verônica e Mateo estão sentados no banco do jardim.

MATEO: Compus uma peça para você.

VERÔNICA: É sério? Quero que você toque para mim mais tarde. Ficarei feliz em escutar.

MATEO: Apenas o papai gosta do que eu toco. (coça a cabeça) A mamãe se estressa.

VERÔNICA: Como assim? O que você quer dizer? Como ela se estressa?

Em Mateo.

09  INT. MANSÃO BELTRÃO – SALA DE ESTAR – DIA.FLASHBACK.

Uma sequência de lembranças.

São várias ocasiões onde Mateo está tocando piano na mansão, mas em todos esses momentos ele é interrompido por Paula que, de várias formas agressivas, como empurrar o garoto contra o pisa e jogar coisas no chão ao gritar com ele.

10  EXT. MANSÃO BELTRÃO – JARDIM – DIA

Verônica fica esperando pela fala de Mateo.

MATEO: Ela só não gosta…

Em Mateo.

11  EXT. PORTO DE MIAMI – NOITE

Gabriel está vagando com uma garrafa de cerveja nas mãos. Ele observa os barcos.

Várias coisas passam pela sua cabeça.

PAULA (V.O.): O que vai ser da sua família se você ir a falência? Principalmente aquele buraco negro de gastar dinheiro do Mateo, a culpa de todas as despesas é a maldita condição dele! O que vai fazer com ele?

Passa a mão em seu rosto, desesperado.

Nesse momento, Gonzalo chega e entrega a Gabriel um envelope branco.

GABRIEL: Finalmente…

GONZALO: Sinto muito, meu amigo. Isso é o máximo que conseguimos. Declaramos falência da empresa.

Gabriel arregala os olhos. Gonzalo vai embora.

Gabriel senta no meio-fio, tenta assimilar o que aconteceu.

12  INT. BALADA “CLUBE” – SALA VIP – NOITE

Andrés está reunido com seus amigos, todos estão jogando um jogo de beber shots. A música toca alto quando a cena começa, mas aos poucos o volume diminui para ouvirmos a conversa dos personagens.

O garçom se aproxima do grupo.

GARÇOM: Senhor, seu cartão foi recusado por estar bloqueado. O senhor tem outro?

ANDRÉS: Bloqueado? Foi minha avó…

Andrés pega um pouco de dinheiro e começa a contar.

ANDRÉS: Aqui tem 400 dólares, isso é tudo que eu tenho.

GARÇOM: Falta 50, senhor. Como pretende pagar?

Andrés olha para seus amigos. Todos negam e em seguida vão embora.

ANDRÉS: Velha maldita…

O celular começa a tocar. Andrés atende a ligação.

ANDRÉS: Alô?

VERÔNICA (V.O.): Andrés de Castilho?

ANDRÉS: É ele.

VERÔNICA (V.O.): Finalmente eu consegui falar com você. Nossas malas foram trocadas no aeroporto, eu estou com a sua e vice-versa, podemos nos encontrar algum lugar para fazermos a troca?

Em Andrés.

13  INT. BALADA “CLUBE” – PISTA – NOITE

Vemos Verônica andando pelo local com a mala em mãos, se espreme entre a multidão que dança a batida eletrônica, ela procura por Andrés.

14  INT. BALADA “CLUBE” – SALA VIP – NOITE

Quando Verônica entra, encontra Andrés ao lado do Garçom que espera seu dinheiro.

Verônica deixa a mala na frente de Andrés.

VERÔNICA: Essa é sua mala. Pode devolver a minha.

ANDRÉS: Paga o resto da conta primeiro.

Verônica faz uma cara de confusão.

ANDRÉS: Se quiser que eu te devolve sua mala, me ajude a pagar a conta.

GARÇOM: São apenas cinquenta dólares.

VERÔNICA: E por qual motivo eu deveria fazer isso?

ANDRÉS: Então, não devolvo sua mala.

Verônica bufa com raiva. Ela pega uma garrafa de cerveja e despeja em cima de Andrés.

ANDRÉS: Mas que louca você é! Ela vai pagar!

Andrés deixa o local.

Quando Verônica tenta sair, o garçom não deixa e ela se vê obrigada a pagar.

15  EXT. ESTRADA – NOITE

Gabriel caminha por um beco escuro. Ele toma algumas cervejas, mas já está bêbado. Enquanto caminha, chora ao mesmo tempo.

Não notou que alguém estava o seguindo, um ladrão que quando percebe a oportunidade golpeia o homem na cabeça.

FADE PARA:

16  INT. HOTEL – QUARTO DE ANDRÉS – DIA

Andrés está largado em cima da cama do hotel, acordando aos poucos, a cabeça dói por causa da bebedeira da noite anterior.

O celular começa a tocar, quando ele pega o aparelho atende a chamada sem querer.

A tele divide, mostrando os dois ambientes.

VERÔNICA: É a dona da mala.

ANDRÉS: Não se cansa, né? Eu tenho uma reunião daqui a pouco.

VERÔNICA: Vou te denunciar para a polícia, seu palhaço! Você me fez pagar a conta.

ANDRÉS: Não tem provas de nada. Eu posso dizer que estava na festa comigo, precisava pagar metade… Você sujou minha roupa e me humilhou quando jogou aquela cerveja em mim, sabia?

VERÔNICA: Eu fiz menos do que eu deveria ter feito, quero minha mala!

ANDRÉS: Vou te enviar o endereço do hotel que estou hospedado, mas vai ter que esperar eu sair da reunião.

17  INT. MANSÃO BELTRÃO – QUARTO DE VERÔNICA – DIA

Com raiva, Verônica encerra a chamada e joga seu celular em cima da cama.

VERÔNICA: Preciso ficar calma, naquela mala estão os presentes para o papai e o Mateo…

A jovem pega sua toalha e uma muda de roupa.

18  INT. MANSÃO BELTRÃO – QUARTO PRINCIPAL – DIA

Paula está deitada na cama, lendo uma revista, ociosa. Ela pega seu celular, entra no chat do marido e fica chocada ao ver que ele não fica online desde a noite anterior.

Com indiferença, larga o aparelho.

PAULA: Onde ele passou a noite? Não seria nada estranho ele ter outra família para me deixar sem um tostão.

Em Paula.

19  INT. RESTAURANTE GOURMET – DIA

Nesse outro restaurante da franquia de Dona Victória, Julián é o gerente. Ele está se certificando de que tudo está ok.

Não muito longe dali, vemos Andrés, Nicole e Margaret sentados a uma mesa.

NICOLE: Sério que você não vai voltar para casa? A vovó está brava.

ANDRÉS: Isso eu sei, bloqueou todos meus cartões… Ela acredita que vai me colocar para trabalhar em um desses restaurantes, por isso que não vou voltar para casa. Me imaginam trabalhando servindo comida?

MARGARET: De qualquer modo, seria bom você ir vê-la. Ela está preocupada.

Nesse momento, Andrés levanta a mão. Quando uma garçonete percebe se aproxima. Ele pega uma colher e começa a bater na xícara vazia.

GARÇONETE: Desculpa?

Andrés continua batendo na xícara. A garçonete não entende.

Julián percebe de longe, se aproxima. Quando percebe, Nicole sorri.

JULIÁN: Minhas garçonetes não entendem senhas, Andrés. (olha para a jovem) Busque mais café, por favor.

A Garçonete confirma com a cabeça, se afasta.

JULIÁN: Não te ensinaram boas maneiras, Andrés? Na Austrália a palavra “por favor” não existe?

ANDRÉS: Sempre tão modesto, você vai ser assim para sempre?

JULIÁN: É um elogio que está me fazendo, amigo.

Nesse instante, o celular começa a tocar. Quando Andrés atende, faz um bico ao ouvir a voz de Verônica.

VERÔNICA (V.O.): Estou esperando há quatro horas. Quanto tempo mais vou ter que ficar te esperando?

ANDRÉS: A reunião se estendeu, desculpa. Se você quiser a mala, vai ter que esperar. Vou te enviar o endereço de uma cafeteria, estarei de esperando.

Andrés encerra a ligação, cansado de jogar com Verônica.

20  INT. MANSÃO BELTRÃO – SALA DE ESTAR – DIA

Paula está arrumando um arranjo de flores que se encontra em uma mesa de decoração, ao fundo podemos ver a televisão ligada em um telejornal.

JORNALISTA: Notícias locais, uma pequena explosão em edifício perto da Rua 14. Podemos confirmar o nome de algumas vítimas, do centro da cidade, Martín Gomez, do sul, Matilde Lopez.

Paula termina o arranjo, então, caminha na direção da TV.

A câmera foca em seus passos.

JORNALISTA: E Gabriel Beltrão, empresário de 52 anos… Testemunhas dizem que sentiram um forte cheiro de gás antes da explosão. A polícia está investigando.

No rosto de Paulo em choque.

Em seguida o telefone fixo da sala de estar toca, a mulher se vira com medo.

Caminha, atende a ligação.

PAULA: Alô…

Em Paula.

21  INT. HOSPITAL MEMORIAL JACKSON – NECROTÉRIO – DIA

Paula está presente, nervosa. O Médico abre uma das gavetas de metal e a base metálica saí com um corpo coberto por um lençol branco.

Paula observa ainda apreensiva e nervosa, quando o médico tira o pano do rosto, Paula grita com o susto.

O rosto do homem está desfigurado pela explosão. Ela olha para o médico, treme.

PAULA: É mesmo meu marido?

MÉDICO: Sei que é difícil, mas precisamos de sua ajuda para o reconhecimento. Temos o RG, mas o corpo pode ser de outro.

Ainda apreensiva, Paula se aproxima e levanta a parte do pano que cobre uma das mãos. Quando levanta percebe a aliança de casamento e o relógio de Gabriel.

Paula tapa seu rosto com suas mãos.

22  INT. CAFETERIA – DIA

Verônica se encontra sentada a uma mesa, sobre essa mesma mesa vemos um ramo de flores e também uma xícara de café.

Verônica escreve uma mensagem de texto para seu pai.

VERÔNICA (OFF): Feliz aniversário, papai. Por favor, se mantenha saudável para viver muito mais. Quero que esteja presenta quando me tornar uma mulher ainda mais madura. Quero que veja terminar me curso de gastronomia e também conhecer meus futuros filhos. Te amo papai.

Verônica bebe um fole de seu café.

VERÔNICA: Vou fazer o prato favorito dele, ele vai ver tudo que eu aprendi durante esse tempo todo. (Olha para o relógio) Quem aquele cara pensa que é? Preciso entregar o presente do meu pai.

Em Verônica.

23  EXT. HOSPITAL MEMORIAL – FACHADA – DIA

Paula deixa o hospital, ainda está nervosa e abalada pela morte de Gabriel. Caminha até um banco, senta.

PAULA: Como isso aconteceu? Como você pode ter isso assim, maldito!

24  INT. RUA, CABINE TELEFÔNICA – DIA

Verônica está na cabine, bastante nervosa.

VERÔNICA: Onde você está, maldito imbecil? Estou esperando por você como uma idiota por duas horas. Você não atende o seu celular e agora tive que ligar para seu quarto no hotel e deixar uma mensagem de voz. Hoje é o aniversário do meu pai e coisas importantes estão nessa mala.

Encerra a ligação e sem sair da cabine pega seu celular, liga para sua casa, mas ninguém atende.

Tenta ligar para o número de seu pai, mas ninguém atende também.

Liga para o número de Paula que atende a ligação.

VERÔNICA: Oi, mãe.

Segundos depois, a expressão de Verônica muda drasticamente e em seguida ela deixa a sacola de papel cair no chão com o buque de flores que havia comprado.

A câmera foca na rua, os pés de Verônica passam correndo.

25  INT. FUNERÁRIA MEMÓRIAS ETERNAS – DIA

Abre mostrando o relógio da funerária, são cinco da tarde.

Verônica chega com pressa, desorientada procura pela a sala onde Paula estaria a esperando.

Verônica encontra uma mulher sentada em uma sala, veste roupas totalmente escuras e centro uma urna de cinza, flores de todas as cores ao redor.

A garota se joga no chão impactada, coloca sua mão sobre sua boca, sem fôlego tenta se arrastar cheia de lágrimas.

VERÔNICA: Papai…

Verônica finalmente chega ao altar da urna e solta um grito de dor e desespero.

Verônica se aproxima de Paula que está com o rosto inchado de choro, mas ela sente mais pelo dinheiro do que pelo marido.

VERÔNICA: Como isso aconteceu de repente? Por que eu não sabia de nada? Por que não me ligaram mais cedo?

PAULA: Eu sinto muito, Verônica. Meu mundo também caiu.

VERÔNICA: Não, isso não pode estar certo. Ele não pode estar morto, o que essa urna faz aí? Pode não ser ele…

PAULA: É ele. São suas cinzas, eu mesma me encarreguei para ser um trabalho rápido porque seu pai estava desfigurado.

Nesse momento a raiva sobe dentro de Verônica.

VERÔNICA (GRITA E CHORA): O QUÊ? COMO PODE TER FEITO ISSO? Mateo e eu tínhamos o direito de vê-lo, de nos despedir!

PAULA: Acredito que seu pai não gostaria de ser recordado pela maneira que estava. Fiz o certo, Verônica. Eu não consegui entrar em contato com você o dia todo, estava sumida. Como queria que eu te contasse?

Verônica fica em silêncio, pois lembrou que ficou o dia todo atrás de Andrés para recuperar sua mala e preparar o aniversário do pai.

Verônica olha para urna novamente.

VERÔNICA: E se não for ele? O rosto estava desfigurado, talvez isso tenha impedido de reconhecer…

Paula suspira.

PAULA: Eu mesma vi o corpo, Verônica. Carregava os pertences dele, o relógio e a nossa aliança de casamento.

VERÔNICA: Não! Não pode me deixar, papai!

Em Verônica chorando, abraçada em uma foto de seu pai.

FIM DO CAPÍTULO.

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