Anjo Noturno

Anjo Noturno | Especial de Natal

PARTE 01 As decorações das lojas não se conectavam em nenhum nível com a realidade. Talvez apenas os pinheiros… Entretanto, a neve branquinha, o Papai Noel vestido dos pés à cabeça, os duendes, destoavam completamente daquele calor infernal que estava fazendo no início de Dezembro. Qualquer pessoa que estivesse com as pernas e os braços cobertos, estaria morrendo de calor.O super-herói colocou uma de suas mãos acima de seus olhos, para tentar enxergar o que estava acontecendo no chão, ainda assim estava sendo difícil enxergar alguma coisa com a luz fortíssima batendo contra seu rosto.— Que droga — disse o Anjo Noturno pousando na calçada. Caminhou até o poste mais próximo, encostou seu antebraço e sua cabeça nele. Respirando aos poucos.— O que foi, Anjo Noturno? — pergunta a voz de Daniela.— Eu não aguento mais… Eu não aguento mais… — respondeu o super-herói com a voz fraca. Em seguida ele olhou para o alto e ergueu suas mãos. — EU ESTOU MORRENDO DE CALOR!— Certo… Volte para o QG, depois a gente corre atrás dos ladrões. Eu já tenho uma pista de onde eles podem estar. — disse Daniela em um tom compreensivo.Sem pensar duas vezes, Anjo Noturno levantou voo mais uma vez, parecendo um foguete indo em direção ao espaço sideral.Assim que passou pela a porta do galpão que servia como o seu quartel general, Miguel rapidamente retirou o óculos de esquiador que usava para ocultar sua identidade, com suas mãos em suas costas abriu o zíper do uniforme e foi descendo até sua cintura, deixando seu dorso e braços livres. Daniela ligou o único ventilador dali bem em cima do amigo, cruzou seus braços. A garota disse:— Quando o Leandro voltar, vamos pedir para ele fazer um uniforme de verão para você.— Tem… Água? — pediu Miguel.— Tem na geladeira, espera aí.— Pode deixar, não vou sair da frente do ventilador, não… — respondeu o rapaz, fechou seus olhos e deixou com que aquele vento secasse seu suor. Seu peitoral descia e subia conforme sua respiração retornava à normalidade.Daniela entregou a garrafa de água para Miguel que a abriu com pressa, bebendo o líquido sem parar pra respirar.— Meu Deus… — disse a garota surpresa. — Como não se engasgou?— Não quero falar sobre isso.Miguel levantou, seu corpo não estava mais suado, mas seus cabelos ainda estavam molhado.— Você disse que… Sabia como procurar esses ladrões mais tarde. — disse o adolescente super-herói.— Sim. — respondeu Daniela. — Na verdade, eu disse que eu tenho uma pista de onde eles podem estar, levando em conta nas coisas que roubaram.Miguel cruzou seus braços. Perguntou:— Hmmm… Você poderia ter falas mais expositivas, por favor?Daniela respirou fundo.— Claro. — disse ela forçando um sorriso. — Eles roubaram peças de geladeiras e freezers… Também notei que furtaram equipamentos de antenas. Com aquele software que o Leandro instalou antes de viajar, consegui rastrear um sinal muito interessante vindo de uma região perto do Rio Guaíba.Daniela caminha até o computador do quartel general, em seguida mostra na tela o mapa do tal programa, indicando de onde vinha o sinal captado.— Tá bom, mas por que eles roubaram peças de antenas parabólicas, freezers e geladeiras?— Sei lá, não importa o motivo… É estranho, acho que isso deve bastar, né?Miguel coçou sua nuca, seus lábios bem juntos. Em seguida, ele falou:— Sinto falta da imaginação do Leandro… Ele disse quando volta?— Parece que depois do ano novo, na primeira semana de janeiro. Seus pais querem passar as festas com a família no Japão.Miguel suspira, aceitando a realidade.— Beleza. Espero que ele se divirta por lá… Eu vou para minha casa, tá bom? Minha mãe pediu ajuda no mercado, para comprar as coisas para o natal.— Okay, eu vou para minha casa também. Não sei como o Leandro consegue ficar aqui até tarde da noite, de dia já é assustador. Quando chegou em sua casa, sua mãe havia acabado de chegar do trabalho. Para acompanhar ela no supermercado, primeiro o adolescente tomou um banho rápido. Já com uma roupa limpa, perfumado e com desodorante, o rapaz saí ao lado de sua mãe para fazer as compras para as festas de final de ano. Pela primeira vez, Miguel tinha como ajudar sua mãe em algumas compras. Na verdade, ele podia ajudar desde que os vídeos do Anjo Noturno começaram a ser monetizados pelo YouTube, uma ideia que venho de Leandro para ajudar o amigo.Quando a mãe perguntou para o filho de onde havia vindo aquele dinheiro, então, ele disse que tinha feito uns trabalhos de revisão textual online e ganhado alguns trocados. A mulher desconfiou, mas não contaria ao filho, pois ela sabia que aquele dinheiro tinha uma origem diferente da desculpa, mas tinha medo de saber a verdade.Já em casa, com as várias sacolas amarelas em cima de mesa, mãe e filho trabalhavam em um balé para guardar tudo que havia sido comprado e que deveria durar um mês, ainda mais porque boa parte daquilo tudo seria para a ceia de natal e ano novo. Antes de fechar o freezer da geladeira que se encontrava cheio de pacotes de frango, carne bovina e suína, o chester, Miguel sorriu com seu olhar brilhante por causa da leve lágrima que queria escapar.Subiu para seu quarto com um pacote de salgadinho sabor requeijão que havia comprado especialmente para ele, pois merecia. Sentou em frente ao seu computador, o cômodo tomado pelo breu, apenas a luz da tela ligada. Deu play num episódio de anime que havia baixado ilegalmente na internet.Deve ter assistido alguns episódios do anime… Talvez mais de uma dezena. Então, uma notificação pulou na ela, era de Leandro no Discord, enviou um áudio. O olhar de Miguel desceu até a barra do desktop, percebeu que já passava das dez horas da noite, isso queria dizer que no Japão já passava das dez da manhã. Clicou na notificação.O chat abriu.O áudio dizia o seguinte: — Eai cara, acabei de ver o vídeo que a Dani postou —

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Anjo Noturno | Capítulo 10

O sol brilhava forte lá fora, uma coisa nada comum para aquela época do ano.O corpo do adolescente ainda se encontrava dolorido por causa da batalha ocorrida na noite anterior. Após acordar tomou um banho com água morninha e depois se vestiu uma roupa confortável, adequada para o clima daquele dia. Quando chegou a sala de estar, encontrou sua mãe assistindo o telejornal matinal local.Segundo o sonho com seu pai, ele deveria conversar com sua mãe sobre a questão do dinheiro, entretanto os seus pensamentos mudaram depois da ideia de Leandro e o que gostaria de contar para sua mãe não era mais sobre sua vontade de ajudar em casa e a vergonha de não poder. Ficou alguns minutos encarando a sua mãe de longe, só tinha uma coisa da qual queria contar para ela e não esconder mais essa parte da sua vida, não achava certo de se fazer, mas como ela aceitaria essa notícia?— Mãe. — disse Miguel se aproximando.— Sim? — perguntou a mulher sorrindo.— Eu quero… Eu preciso conversar com a senhora sobre uma coisa.A mulher sorriu em resposta.A televisão foi desligada para que a conversa seguisse sem interrupções.As mãos de Miguel começaram a tremer, nitidamente se encontrava nervoso, suor começava a escorrer pela sua testa, a mãe o observava sem dizer nada, porém sabia do que se tratava aquela conversa e esperava por aquele dia desde quando descobriu a verdade sobre seu filho. Ela também não conseguia ver seu menino nervoso daquela maneira, ela aceitava e o amava, queria que ele soubesse disso. Iria amá-lo não importa o seu jeito.— Tudo bem Miguel, eu já sei. — a mais velha sorriu, um sorriso maternal que pegou o coração do adolescente desprevenido.— A senhora já sabe? — o rapaz perguntou.Ela afirmou com sua cabeça.— Desconfiei quando você estava entrando na adolescência, confesso que no início tive dificuldade em aceitar e acreditar, mas com o passar do tempo percebi que você não deixou e não deixaria de ser o meu guri, o meu filho. — lágrimas começaram a cair do seu olho esquerdo, ainda sorrindo ela limpou as pequenas gotas de água. — Miguel, eu não me importo se você é gay ou qualquer outra coisa, quero que saiba que sempre vou te amar porque você é meu filho querido e só quero que seja feliz. Você é assim e não posso mudar.— Mãe. — sussurrou o jovem herói, naquele momento um estranho calor preencheu todo seu peito, não conseguiu conter sua emoção e se deixou levar pelo momento. A abraçou com força deixando com que suas lágrimas escorressem pelo seu rosto. — Então você contou? — Daniela perguntou animada. — Ah que alívio, estava na hora de você sair do armário para sua mãe não é verdade? — fez a última pergunta direcionada a Leandro.— Eu concordo. — o nipo-brasileiro respondeu.— Na verdade eu queria contar para ela sobre o Anjo Noturno, mas de alguma forma ela sabia que sou gay e achou que o assunto se tratava disso. — revelou Miguel envergonhado. — Eu sempre achei que não dava muito na cara sobre isso, sabe?Daniela e Leandro trocaram olhares suspeitos.— Bem, você teve uma festa de aniversário com o tema de Britney Spears. — comentou a garota negra.— Você assiste RuPaul’s Drag Race na sala da sua casa. — Leandro disse.O super-herói adolescente suspira derrotado, se recostou na cadeira da cantina escolar.— Pelo menos não contou sobre sua identidade secreta, isso seria a coisa mais idiota que você faria em toda sua vida, seu idiota! — Daniela falou tentando regular seu tom de voz para que toda a escola não ouvisse.Um garoto, que ninguém nunca tinha visto na escola, entrou na cantina.Todos os olhares se dirigiram para o moreno de olhos escuros. A sua presença emanava uma energia mística que ninguém conseguia decifrar, havia algo nele que rapidamente atraiu a atenção de Miguel, como de todos os outros, mas não se tratava de algo relacionado ao cristal roxo de outro planeta.Quando seus olhares se encontraram, Miguel sentiu um raio de energia ligando um ao outro, no final o rapaz misterioso sorriu.— Cara, imagina como essa esquisitice seria legal se tivesse acontecido em uma daquelas animações japonesas sobre romance entre dois garotos. — comentou Daniela.— BL? — Perguntou Leandro. — Por que deu a descrição e não o nome?— Às vezes algumas pessoas podem não reconhecer apenas pelo nome. — respondeu a adolescente negra.— Que pessoas? — Leandro perguntou quase incrédulo com aquele argumentou. — Só nós três estamos conversando aqui!Então, o rapaz deu de ombros, sem compreender por completo o que a amiga quis dizer.Por sua vez, Miguel ficou intrigado com aquela figura nova no colégio. Qual seria seu nome? Estaria na mesma classe que a sua? Queria muito descobrir. NO PRÓXIMO VOLUME… Enquanto o Anjo Noturno fazia seu trabalho em Porto Alegre, uma trama se desenrolava na mesma cidade, mas com outros personagens.Em um hotel simples no centro de Porto Alegre, uma construção com as paredes pinchadas e parte do reboco com falhas, tanto na fachada do prédio quanto dentro dos quartos.Principalmente no quarto em que vemos um jovem, vestindo apenas uma grossa toalha branca amarrada em sua cintura, saindo do banheiro velho.Se trata de um rapaz com seus 18 anos de idade, sua pele preta em um tom puxado para um tom levemente mais claro, cabelos cacheados e profundos apaixonantes olhos castanhos. Esse é Maurício.Com passos curtos, Maurício se aproximou da janela do seu quarto que ficava no terceiro andar e a partir da moldura de madeira observou a rua movimentada. O vai e vem dos veículos, alguns ônibus, motocicletas, bicicletas e pedestres, também dos cachorros que vivam pelas ruas.Repentinamente seu celular emitiu o toque de sempre, alertando se tratar de uma ligação. Já sentado na cama, Maurício atendeu a chamada e em seguida escutou a voz feminina calma e centrada.— Como vai a sua missão, Maurício? — perguntou a voz do outro lado, um misto de preocupação e ansiedade para ouvir

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Anjo Noturno | Capítulo 09

Daniela jogou o mapa de um dos bairros nobres da grande Porto Alegre sobre uma mesa enferrujada de metal, se encontrava no galpão com Miguel e Leandro, mais um plano para pegarem Combustor estava sendo traçado. — Faltam mais dois médicos alvos do nosso cara, dos que trabalham no hospital em que sua esposa morreu, como Miguel explicou ser o seu motivo para essa vingança peculiar. — Disse Daniela fazendo um risco sobre o mapa com um canetão vermelho. — O que está fazendo? — Perguntou Leandro confuso. — Eu vi isso em alguma série aí e achei legal, mas enfim, esses dois últimos médicos vivem na mesma rua. Então, com certeza, dessa vez não haverá troca de lugares. — Olha para Miguel. — Toda a noite você vai ter que ficar patrulhando essa área, tudo bem? — Sim, eu posso fazer isso. — Tentou sorrir. — Ótimo. — Sorriu a jovem e logo levou sua atenção até o amigo que não tinha superpoderes. — E você, Leandro, espero que consiga gravar um vídeo tão ótimo que faça com que essa merda seja monetizada logo, entendeu? — Isso leva tempo, mas eu entendi. — Leandro sorriu irônico. Daniela sorriu, parecia muito animada com a situação. Se sentia uma administradora muito fodona, poderia conquistar o mundo com a energia que estava se tornando quase palpável. — Acho que dessa vez vamos pegar o nosso vilão. — Disse a garota sorrindo de orelha a orelha. Por volta da meia-noite Miguel já se encontrava no bairro onde aconteceria o último ataque de Combustor, já preparado com seu uniforme e pronto para, desta vez, acabar com os atos do vilão. Daniela e Leandro estavam em seus respectivos quartos monitorando o amigo com a ajuda de um software que o jovem asiático havia comprado recentemente para essas ocasiões, os benefícios de se ter dinheiro a disposição. — Vocês tem certeza desta vez, não é mesmo? — Perguntou Miguel flutuando de um lado para o outro sobre o teto de um antigo casarão da rua. — Não me mandaram para o local errado de novo? Daniela bufou do outro lado. — Tu ‘tá no bairro certo, Miguel, agora para de falar e fica de olha para quando o nosso vilão aparecer! — Disse a garota negra ficando sem paciência. — Combustor. — Leandro sussurrou do outro lado. Miguel sentiu a energia de Combustor se aproximando lentamente daquela quadra, ficou em silêncio rapidamente e levantou voo, procurando por seu alvo. Conseguiu ver a sua figura se espreitando pela rua iluminada, não tinha ninguém além dele naquele horário, mesmo assim Miguel não conseguia parar de se perguntar como em outras ocasiões não suspeitaram ao se depararem com uma cena daquelas. — Vou para de falar agora, o show vai começar. — Sussurrou o super-herói para seus amigos. Espreitava pelo céu de uma distância segura, pois não queria ser visto pelo seu alvo. Combustor caminhou até uma casa de dois andares no final da rua, suas mãos começaram a emitir as suas chamas, um ataque estava sendo elaborado. O homem levantou seu punho direito, o abriu e então uma esfera de fogo surgiu em sua palma, sem faze nenhum tipo de som ele a jogou em direção a casa. Rapidamente o Anjo Noturno surgiu em frente a vidraça que seria estilhaçada para o fogo entrar, criou uma barreira com sua energia, ao entrar em contato com esse escudo a esfera em chamas explodiu fazendo com que o nosso herói fosse jogado contra a residência. — Você de novo. — Sussurrou o vilão. — Eu mandei não se meter em problemas de gente grande, seu moleque! Com dificuldade Anjo Noturno se levantou e correu na direção de Combustor que também se aproximava, energizou sua mão com a sua energia roxa enquanto o outro fez o mesmo com suas chamas, seus punhos estavam próximos de acertarem seus objetivos. Um horrível barulho estava vindo do lado de fora, parecia como uma briga, os sons estavam perto demais da casa. A pequena criança loira levantou da sua cama de princesa e correu para a janela do seu quarto. Seus olhos castanhos ficaram arregalados com o que ela viu. Um anjo lutava com um homem que jogava fogo pelas suas mãos. Saiu gritando do seu quarto, correndo para o dos seus pais e dizia: — Mãe, pai! Um anjo está lutando com o diabo lá fora! Os três acabaram se encontrando no corredor, os pais pareciam a par da situação e assustados. — Tem um anjo e um homem de fogo lá fora. — Disse a pequena mais uma vez. — Eu sei filha, eu sei. — O pai disse. — A gente tem que sair daqui. — É aquele homem horrível do noticiário, não é? — A mãe perguntou ao seu marido. — Sim, ele atacou quase todos os médicos do hospital onde trabalho, deve ser um tipo de serial killer, não sei. — Eu estou com medo. — A criança sussurrou após escutar o diálogo dos adultos. — Mas aquele anjo está aqui para nos salvar, não é? Os dois mais velhos trocaram olhares, não tinham se certeza se a figura desconhecida estava ali para ajudar ou não era mais do que um cumplice do incendiário e começaram a brigar no meio do caminho. Quando seus punhos fechados se tocaram, uma explosão de energia jogou herói e vilão para longe um do outro, Anjo Noturno acabou invadindo a casa quando seu corpo quebrou a parede. Combustor derrubou o muro da casa da frente com o impacto do seu corpo. Com dificuldade, o super-herói levantou do chão, retirando o pó da sua roupa, viu que tinha alguns rasgos pelo tecido roxo. Pelo menos não rasgou naquele lugar, pensou enquanto levantava, percebeu que a família da casa o observava com medo. — Tudo bem, eu não vou ferir vocês. Estou aqui para ajudar, precisam fugir antes que ele se aproxima demais. — Dizia o anjo enquanto levantava. O homem pegou a criança no

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Anjo Noturno | Capítulo 08

Entrou na casa pela janela do seu quarto de modo cuidadoso para não fazer nenhum tipo de som alto já que o quarto de sua mãe ficava do outro lado da parede. Se livrou do uniforme com rapidez, não aguentava mais o cheiro de queimado que vinha do tecido, parecia que foi defumado assim como um presunto. Por enquanto, para disfarçar aquele cheiro impregnado no traje, lhe daria um belo banho de perfume e quando pudesse passaria na casa de Leandro, quando o amigo estivesse sozinho, então usaria sua máquina de lavar e a secadora. Depois de vestir um par de roupas velhas que sempre usava para dormir, como estava faminto e com sede, Miguel foi até a cozinha onde, depois de iluminar o pequeno cômodo ao apertar o interruptor, encontrou vários envelopes espalhados pela mesa redonda. Se tratavam de várias contas atrasadas, água, luz, internet e etc. Contas de meses trás, tinha a noção de que as coisas para ele e sua mãe não estavam exatamente boas, porém não tinha a noção que se encontrava naquele nível. Sentou a mesa e ficou revendo e relendo aqueles boletos bancários, enquanto estava brincando de super-herói pela a cidade, sua mãe estava passando por verdadeiros maus bocados. A voz de Combustor começou a martelar em sua mente, lhe afirmando que não passava de uma criança brincando no meio de algo muito sério, entretanto em sua cabeça o “algo sério” não era mais a história pessoal e os motivos pelos quais o incendiário estava fazendo tudo aquilo e sim o problema da sua mãe. Mais um impasse em sua carreira como super-herói? Com certeza. A voz do incendiário começou a ecoar em sua mente, afirmando que ele não passava de uma criança brincando em meio a assuntos de adultos, neste caso os assuntos de adultos se tratava da sua vingança contra os médicos do hospital onde a sua esposa morreu na fila de espera. Quando percebeu o sol já estava nascendo, acabou que não dormiu aquela noite e se encontrava muito cansado para ir à escola. Assim que voltou para seu quarto, mandou uma mensagem para seus amigos dizendo que faltaria aula naquele dia e se jogou na cama, completamente exausto. Miguel se encontrava em um campo florido, nunca esteve naquele lugar, parecia algo lírico, mágico, com certeza se tratava de um sonho e o que mais reforçava a ideia era a de que a última memória do último jovem era de que ele caiu em sua cama. Avistou uma silhueta masculina muito conhecida se aproximava dele, conforme se aproximava ficava mais evidente que se tratava do seu pai. Simão dos Anjos. Simão era um homem alto, cabelos escuros assim como os do filho e caucasiano. Sempre tinha esse sorriso amistoso em seu rosto. — Pai? — perguntou o adolescente, agora com mais noção de que se tratava de nada mais que um sonho. — Nossa, como tu cresceu Miguel, meu filho. — sorriu ao ficar de frente para o filho. — Tanto tempo que não nos víamos assim. — Como você está aqui? — Meu filho, você é mais esperto do que isso, eu sei disso, tu sabe como estou aqui. — Simão riu ao terminar a frase. — Parece que está com sérios problemas. — Pai, eu não sei o que fazer, eu quero muito continuar sendo o Anjo Noturno, mas também quero muito ajudar a mamãe com seus problemas financeiros. Primeiro eu comecei a fazer isso pensando em você e agora faço porque me sinto bem, mas ver a minha mãe com esse problema não me deixa bem! — A sua mãe é bem mais forte do que tu pensa, Miguel, mas concordo contigo sobre ter que ajuda-la com dinheiro. Converse com ela, diga que quer ajudar naquelas contas, não precisa desistir dessa sua outra vida, parece que tu ajuda muita gente. — Prefiro pensar que sim. — disse Miguel. — Também tem dias que não sei se só estou atrapalhando ou sendo uma criança brincando com coisas sérias. Simão riu da última frase. — Não foi, mais ou menos, isso que aquele cara do fogo te disse? — Como você sabe? — Eu sou um fantasma, filho. — o pai riu mais uma vez e em seguida continuou a falar. — Teus inimigos vão querer te atingir, psicologicamente, fisicamente ou até mesmo pessoalmente, cabe a ti deixar que isso te afete ou não. Miguel soltou um suspiro. — Eu vou conversar com a mamãe, claro que não vou citar a parte de eu ser um super-herói, mas vou conversar com ela. — Tenho orgulho de você, Miguel, de verdade. — o pai disse sorrindo de orelha a orelha, Miguel ficou feliz, mas também desconfiado. — Como vou saber se você só não é a minha consciência falando isso? — perguntou o filho. — No fundo você sabe que não. Miguel e o pai se abraçaram. Quando abriu seus olhos sentiu o sol quente da tarde invadir seu quarto, já passavam das quatorze horas, sua cabeça doía por causa do descanso precário. Quando saiu de cima da cama a primeira coisa que fez foi pegar seu celular, muitas mensagens atolavam a tela de notificação, eram dos seus amigos e parceiros da vida heroica. Leandro e Daniela estavam afoitos preocupados e perguntavam, repetidas vezes, com algumas ameaças, se estava tudo bem com Miguel. Ouviu um barulho alto vindo da porta da frente, alguém havia batido, mas o som se assemelhava mais com um soco. Mas duas batidas furiosas. Miguel levantou da sua cama e caminhou até a sala com passos lentos, não tinha certeza do que poderia ser por causa da força com que bateram na porta. Mais uma batida forte e em seguida uma voz conhecida. — Miguel, você está em casa? — era Daniela. O nosso super-herói suspirou e logo abriu a porta, Daniela não estava com uma feição amigável, foi logo entrando na casa. — O que você estava fazendo? Leandro e eu estávamos preocupados com você,

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Anjo Noturno – Capítulo 07

Estava começando a se acostumar com a calmaria que fazia no céu, principalmente durante a noite. Com uma vista privilegiada daquele bairro nobre, o super-herói conseguia ver, sem precisar contar, que a iluminação publica se fazia mais numerosa ali do que no bairro em que vivia com sua mãe. Por que não haveria mais luz ali, não é verdade? Afinal tem casarões e mansões, clubes para tomar um banho de piscina ou de sol. A proteção policial também era maior ali. Não se tornou um super-herói para proteger ainda mais quem já tinha proteção, queria ajudar os que precisavam, entretanto havia um louco incendiando casas e veículos, se não acabasse com aquilo pela a raiz em pouco tempo, talvez, esse mesmo vilão estaria atacando os que não teriam como se defender. Ficou sobrevoando o local, em alguns momentos ficou sentado em lugares altos esperando algo acontecer. Depois de duas horas procurando e esperando, Anjo Noturno ficou sentado na borda do prédio do vestiário de um clube que havia naquele bairro, observando a piscina que ficava ali perto, a luz no fundo refletia os cristais de água em seu rosto. — Brilha la luna, oooh, mira que bela… — suspirou depois de cantarolar, entediado e ansiando por algum tipo de ação inesperada. Dentro da bota lilás direita, o aparelho celular de Miguel começou a vibrar. Depois de retirar sua bota, pegou o smartphone e antes de atender a ligação viu o nome da tela, era o seu amigo Leandro, então atendeu a ligação. — Leandro, por favor, me diga que aconteceu alguma coisa porque aqui está um tédio. — O nosso cara, o Combustor, ele está em um bairro perto daí tocando fogo em tudo. — disse o jovem japonês do outro lado da linha. — Espera… O quê? Como descobriu isso? — perguntou o super-herói enquanto ficava em pé. Surpreso com aquela informação. — É uma longa história, voe o mais alto que puder, com certeza vai ver a fumaça. Siga ela, então vai achar o nosso vilão. — Tudo bem, obrigado Leandro. Miguel encerrou a ligação e em seguida bateu suas asas, levantando voo e subindo o mais rápido que podia. Não demorou até enxergar a fumaça que vinha de alguns quilômetros a frente, literalmente as coisas estavam pegando fogo naquele lugar. A fumaça parecia estar saindo de um local especifico e quando mais se aproximava mais dava para notar de que se tratava de uma casa inteira em chamas. Uma mulher estavam em frente a casa, abraçado em um trio de adolescentes, os quatro em prantos. Todos os vizinhos de rua, e outros das demais ruas, estavam assistindo aquele drama. Provavelmente alguém tinha morrido durante o incêndio, ou seja, Combustor deveria ter alcançado seu objetivo ali com sucesso. O som das sirenes do caminhão dos bombeiros aumentava de forma gradual, conforme se aproximavam da casa. Quando batalhava com O Messias, podia sentir a energia de o cristal roxo emanar pelo seu corpo, então isso queria dizer que se esse novo super-vilão fosse fruto do mesmo objeto, conseguiria sentir a sua energia. Só precisava se concentrar e buscar uma maneira de fazer. Tinha conseguido aprimorar seu controle da energia com o tempo, esse era somente mais um obstáculo. Com seus olhos fechados, sentiu uma energia em uma movimentação rápida perto dali, parecia ser diferente da que ele sentiu quando enfrentou O Messias, mas mesmo assim dava sinais de ser o homem que incendiou a casa. Suas asas negras abriram e com urgência subiu ao céu, seguindo aqueles instintos novos que ganhou depois da chuva de meteoros. Não demorou muito para que encontrasse o vilão correndo pela rua, indo em direção a um carro que estava escondido atrás de uma placa. Se tratava de um homem comum, provavelmente na casa dos 40 anos e usando um sobretudo. — Peguei você. — sussurrou o super-herói. Disparou, três vezes, esferas de energia na direção do criminoso, acertou suas costas e deixou um buraco no sobretudo, além de fazer com que o homem caísse de bruços no chão. Pousou ao lado do vilão, com passos curtos ficou de frente para o homem que, com dificuldade, tentou levantar e no fim ficou de joelhos por causa da dor que sentia nos músculos de suas costas. — Pensava que você era só um mito da internet. — Para o teu azar eu não sou. Agarrou o homem pela a gola do seu casaco sobretudo e o carregou para o alto, somente o soltou quando pousaram sobre o teto do edifício mais alto encontrado pelo super-herói. Quando soltou sua gola, fez com toda a força que conseguia fazer, o jogando contra o concreto. — Agora vamos conversar um pouco. — começou a dizer o anjo de asas negras, criando uma luz roxa em sua mão direita para ameaça-lo com seus superpoderes. Era evidente sua falta de conhecimento sobre aquele assunto, estava tentando passar uma posição de poder sobre aquele vilão, entretanto sua juventude e a sua estatura ficavam em mais evidência do que qualquer outra coisa. — Por que estava ateando fogo naquelas casas? — se aproximou um pouco mais, pondo seu punho mais perto. — Acha que me assusta? Hein guri? — Combustor levantou do chão, ondas de chamas começaram a rodear seu corpo como se fossem explosões solares. Anjo Noturno deu dois passos para trás, um pouco assustado. — Tu não passa de um piá que ainda nem deixou as fraldas, fede a leite e quer fazer justiça? Não sabe do que justiça se trata, seu fedelho! As chamas começaram a caminhar pelo seu corpo com mais rapidez, seus cabelos e olhos pegaram fogo, esferas de calor tomaram conta dos seus punhos. — O que… — sussurrou Miguel tentando escapar do calor que começou a preencher o espaço entre eles, começava a suar e estava difícil aguentar aquele traje em seu corpo. — Quer saber o motivo de eu tacar fogo naquelas casas? Eu vou te contar, o meu motivo é o mais

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Rolar para cima