novembro 2023

Tuhpanger | Episódio 06

— Preciso acertar no monstro dessa vez. O mestre não vai permitir que continue perdendo para os Tuhpangers! — Cuca falava consigo mesmo enquanto analisava as outras estátuas do arsenal de monstros da caverna. — É melhor ter mais sorte dessa vez, bruxa. O mestre Abaçay já está começando a perder a paciência dele! — disse Solares entrando na caverna. — Mesmo que alguns monstros tenham perdido as batalhas, ainda assim conseguimos captar energias para fortalecer o mestre. — rebateu a bruxa. — Continue perdendo que em breve Abaçay irá se livrar de você. Em seguida o cavaleiro do sol deixou a caverna. — Droga! — exclamou Cuca. — Já sei qual monstro eu vou acordar dessa vez… A feiticeira caminhou até uma estátua que lembrava um macaco esguio, então, com seu cetro mágico ela trouxe aquele monstro a vida novamente. — Kampa-Ínki ao seu dispor! — disse o monstro macaco se ajoelhando em frente a feiticeira. — A sua missão é clara, monstro. Derrotar os guerreiros espirituais Tuhpanger e recolher energia humana para fortalecer Abaçay! — Abaçay voltou a vida? — Sim, depois de várias décadas adormecido o mestre voltou. — Então pode deixar que vou acabar com esses Tuhpanger e trazer energia ao mestre dos mestres! — Kampa-Ínki falou com animação. … — Guerreiros espirituais! Tem um monstro atacando o centro da cidade, se trata de Kampa-Ínki, tomem cuidado com ele, pois além de ser bastante ágil esse monstro também consegue entrar na mente humana deixando as pessoas adormecidas dentro de um pesadelo. Quando os cinco guerreiros, já transformados, chegaram ao local em que Kampa estava atacando, presenciaram o monstro colocando o quinto civil para dormir no meio da praça. Ao avistar os seus inimigos, o monstro macaco rapidamente fixou seu olhar neles. — Meus alvos principais! — gritou Kampa-Ínki. — Quem vou atacar primeiro, hein? Vejamos aqui… O monstro jogou sementes para o alto e quando chegaram ao chão, se transformaram em um pequeno grupo de peões. — Guará vem comigo! — disse o líder da equipe. Os dois saíram correndo na direção em que o monstro macaco fugiu. Os outros três ficaram no campo de batalha com os peõs. — Marreta da Harpia — gritou o guerreiro rosa enquanto girava acertando vários peões ao mesmo tempo, então, ele deu um pulo para o alto e preparou sua marreta. Quando golpeou o chão, uma energia rosa explodiu acertando os oponentes que estavam a sua volta. Enquanto isso, a guerreira azul utilizava rapidamente as flechas de laser que saiam do seu arco e ali perto, a guerreira amarela derrubava cada peão com seu bastão. Até que os três se uniram com os poucos inimigos que sobraram. — Restaram poucos. — disse a amarela. — Então vamos acabar com eles no braço! — disse a guerreira azul com muito animação. Então, o guerreiro espiritual da Harpia girou em um golpe de capoeira, acertando em cheio o pescoço do que estava mais perto. Com aquela deixa as outras guerreiras começaram a batalhar sem o uso de suas armas. — Espada da Onça! — gritou o guerreiro vermelho quando acertou um golpe em Kampa-Ínki. — Droga! O monstro caiu de joelhos no chão, parecia estar derrotado. Os dois guerreiros que estavam ali estranharam, então, o guerreiro verde se aproximou do vermelho. — Isso foi fácil demais… — sussurrou o lobo guará. — Eu sei. — respondeu a onça vermelha. Aos poucos o monstro desapareceu, como se nunca tivesse existido. Confusos, os rapazes tentavam entender o que havia acontecido, todavia nenhuma teoria surgia em suas cabeças. Nesse mesmo momento os outros três chegaram ao local. — O que houve? — perguntou Rafael. — Ele sumiu. — respondeu Miguel. — Como se nunca tivesse existido. — Mas isso, com certeza, deve ser apenas um golpe dele. Precisamos ir até a aldeia perdida falar com Iara! Os demais concordaram. — Ele sumiu? — perguntou Iara confusa. — Sim, logo depois do ataque que eu fiz. — respondeu Joaquim. — Foi como se ele nem fosse real. — Talvez ele não fosse. — questionou a indígena. — Vejam bem, como eu já disse, esse monstro tem a habilidade de entrar na mente das pessoas. Ele ainda está vivo e vai voltar em breve. — Vamos procurar por ele? — perguntou Rafael. — Não, ele não é fácil de se encontrar. Vamos voltar as nossas rotinas, quando ele aparecer vocês entram em ação e enquanto isso, eu vou procurar uma maneira de derrotá-lo. Os jovens voltaram para suas vidas até momento do monstro retornar. Miguel aproveitou esse acontecimento para voltar ao centro comunitário em que treinava judô. Frequentava aquele lugar desde que era criança e, agora terminando o ensino médio, estava sendo considerado um dos nomes do futuro do esporte no Brasil. Pensava em começar a dedicar totalmente sua vida para o judô, mas queria primeiro terminar o ensino médio e cursar educação física em alguma universidade federal. Quando chegou ao centro comunitário se deparou com Marcelo, uma jovem garota que ajudava a cuidar da parte administrativa conversando com dois homens de terno. Assim que esses homens deixaram o lugar, Miguel se aproximou de Marcela e perguntou o que havia acontecido ao notar o semblante entristecido em eu rosto. — Acho que infelizmente dessa vez vamos ter que vender o prédio, Miguel. As dívidas estão aumentando cada vez mais e acabamos de receber um ultimato. — Não, isso não pode acontecer. Eu cresci aqui. — Infelizmente, é a verdade… Marcela deixa o rapaz sozinho, pensativo. — Meu Deus, não pode ser. Isso deve ser um pesadelo. … — Como ele está? — perguntou Joaquim sentado ao lado do corpo do guerreiro verde. Miguel estava inconsciente, estava sendo mantido em um aparelho que media seus batimentos cardíacos. — Ele tá instável. — respondeu Katarina analisando o monitor. — Mas eu ainda me preocupo porque não sabemos o que está acontecendo em sua mente. — Iara disse que se ele morrer durante seu pesadelo, ele vai morrer

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A Intrusa | Capítulo XIV

A baronesa não recebera ainda a carta anunciada pela cartomante e andava inquieta, doente. Glória voltava radiante todas as segundas-feiras das visitas paternas e não tinha na boca senão o nome de d. Alice.Aquilo fazia recrudescer o desespero da pobre senhora.– D. Alice! d. Alice! não falas senão da tal d. Alice! que personagem!– Eu gosto dela…Prendendo as mãos da neta, puxando-a para si, a avó perguntava entre suplicante e imperativa:– Mas que te faz essa mulher para lhe quereres assim?– Nada… passeia comigo… conversa…– Tenho medo dessas conversas… É a tal história dos sapatinhos de ferro!– Da vaquinha Victória?– Sim… Que te diz ela?– Tantas coisas… Ontem fomos ao Jardim Zoológico. Vovó há de crer? Ela contou-me a vida daqueles bichos todos!– Mentiras… Que pode ela saber!– Eu contei a papai e ele afirmou que era verdade!– Ah! tu contas a teu pai tudo que ela te diz? Bem disse eu! É a tal história dos sapatinhos de ferro… Um dia há de enterrar-te como a madrasta fez à outra.– Mas ela não é minha madrasta! Nem diz nada de mal… Vovó pergunte só ao padre Assunção.Ele também gosta de conversar com ela. Ontem estavam muito tristes…– Ambos?!– Ambos.A baronesa riu-se.– De que se ri, vovó?– De nada… achei graça! Ia bem vestida a tua d. Alice?– Assim… assim… ela anda quase sempre com o mesmo vestido, quando sai. É pobre…– Ela usa anéis?… tem alguma jóia?…A neta admirou-se de ver a avó tão corada de repente; e, antes de responder à pergunta, exclamou:– Nunca vi vovó tão vermelha! – e depois, naturalmente: – Não usa anéis… também não usa jóias.– Nunca te falou da família?…– Nunca… Papai me recomendou que eu nunca lhe perguntasse por isso!– Ah! teu pai recomendou!… – Por que seria, vovó?– Porque geralmente mulheres assim não têm família.– Coitadas! Mas assim como? D. Alice é como as outras!– Talvez mais bonita…– Não… Ontem então ela estava com os olhos tão pisados!– Pobre infeliz!– Eu queria que vovó gostasse dela!– Para quê? Estamos muito bem assim… Cada um no seu lugar!– Já tenho aprendido muita coisa com ela…– Deus queira que não aprendas tudo!– Papai gosta que ela me ensine!– Ah…– Padre Assunção também… Ele ontem assistiu à minha primeira lição de desenho. Uma lição só por semana é pouco… Vovó deixa d. Alice vir cá de vez em quando dar-me outra lição?– Nunca!Glória recuou espantada; a velha conteve-se, e depois:– Os retratos de tua mãe ainda estão nos mesmos lugares?– Estão… um em cima do piano… outro no escritório… outro no quarto de papai…– Já tiraram o do quarto de toalete?!– Ah! é verdade! e outro no quarto de toalete! Como vovó se lembra!– Minha pobre filha!– O do quarto do papai está ficando branco…– Até desaparecer! É que a imagem de Maria está sumindo ao mesmo tempo da memória e do papel! – disse a baronesa abafando um suspiro.– Da memória de quem?!– Vai brincar, minha Glória; corre, faze das tuas brutalidades antigas… quero ouvir os teus gritos, as tuas risadas… Onde está a tua cabrinha? Já nem fazes caso dela!– Como não?! D. Alice até me prometeu uma coleira para ela!– Já me tardava…As mãos da avó afrouxaram. Glória fugiu para o quintal.– Está tudo acabado! Venceu e domina a todos. Glória, a filha da minha filha, talvez já ame à outra mais do que a mim!… Tem trabalhado, a maldita… e não há quem defenda a minha pobre Maria! Nem o Assunção… ninguém!…A baronesa revia a cena, que não lhe saía diante dos olhos: Maria, recostada nos almofadões da cama, muito diáfana, com os cabelos louros espalhados sobre os ombros magros e os olhos engrandecidos, circulados de violeta… À sua cabeceira, em pé, o padre Assunção, lívido, com os olhos velados por uma expressão de agonia dominada. Argemiro, de joelhos ao lado da moribunda; ela aos pés da cama, de mãos postas, olhando, na insensata esperança do milagre!Na sua alma ecoava ainda a vozinha da filha:– Jura, Argemirao, que não te tornarás a casar…– Juro!– Jura que viverei sempre no teu coração!– Juro!A voz dela era como um sopro; a dele, formidável!Maria morreu sorrindo, com os dedos embaraçados nos cabelos do esposo… Não falara na filha… não olhara para a mãe. Fora toda dele… e ele repelia aquela imagem angelical, para substituí- la pela de uma mercenária! Aquela amaldiçoada. Como expulsá-la dali?! Não estaria perdendo muito tempo?… Uma tarde, o Feliciano procurou-a; e ao relatar-lhe a sua espionagem ela mandou-o calar-se.Não queria saber de nada por esse modo. Que se fosse embora!O negro não pôde reprimir um movimento de espanto. Não fora ela que o impelira àquilo? Fora, mas em um momento de desânimo e de fraqueza. Envergonhara-se. Readquiria a calma;estava feito o seu plano. O negro foi despedido sem explicações e com a proibição de acompanhar a moça.Feliciano saiu murcho, maldizendo as mulheres.A baronesa dirigiu os seus passos pesados de mulher gorda para o escritório do marido, que se entretinha na coleção do seu herbário.– 325… – murmurava o barão, olhando para as suas listas; e depois:– Que temos? – perguntou ele sem levantar a cabeça, mas percebendo no ar qualquer novidade.– Que tomei uma deliberação.– Qual?…– Ir morar com Argemiro.– Hein?– Ir morar com Argemiro.– Ora essa!O barão tirou os óculos e olhava agora de face para a mulher.– Que idéia!– Como outra qualquer… meu velho…– Qual! nós não podemos viver na cidade!– Por que não?– Por quê?… por tudo! Tu gostas desta liberdade… há trinta anos que te enterraste aqui e que daqui não tens querido sair para nada… eu, ao princípio, confesso, fazia sacrifício; hoje não. Olha para esta mesa: vês? estou catalogando as minhas plantas… plantadas aqui na minha chácara e tratadas só por mim!…– Virás à chácara de vez em quando.– Estás doida!– Nunca o estive menos!– No tempo em que Maria era viva nunca pensaste nisso, e então agora… Ora adeus!– No tempo de Maria eu não era lá precisa para nada; e

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